Monday, July 31, 2006

Alienação do desejo

Seria engraçado conseguir satisfazer essas ânsias de beijo, abraço & propaganda com afetos gratuitos. E, de resto, nunca tive senão afetos gratuitos. Afetos herdados, consangüíneos, risos e lágrimas viajando no cordão umbilical diário. Ama teu pai, adora tua mãe, idolatra teu maltês provecto e nauseabundo. Sê amado. Sê.

Preciso mesmo te amar sempre, em ambos os turnos? Devo sempre baixar o chapéu da mesma forma anódina quando teus dedos me falam de demissão e promoção? O operário é um ser estúpido que não conhece a particularidade de existir em três tempos. Privado de passado, presente e futuro, é tudo esperança e a revolução só acontece quando feita por oráculos. Não temos oráculos, então todos lá em casa Esperam se amando. Ficamos nesse Assim, nenhum amor se construindo ou se destruindo, nada sendo legitimamente nosso. Suor das 5 às 18 e a alegria só vem com o décimo terceiro.

2 Comments:

Blogger Constanza said...

Adorei, adorei o blog, adorei o texto!
me lembrou um texto do Salman Rushdie sobre vínculos, depois te mostro!

quero ver postar sempre, hein, não vá seguir meu exemplo e postar só uma vez por mês!

beijos

11:39 PM  
Blogger Ficas said...

sim, eu, como primo favorito da constanza ali acima, também adorei.
além do décimo terceiro, há o samba.


mentira. há o décimo terceiro.


quanto eu postar algo que valha a pena no meu blog eu aviso!


um abraço!

5:35 PM  

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